Ela olhara as estrelas antes de prosseguir com seus passos e embora quisesse continuar a contemplá-las, sentia que deveria deixá-las por ao menos alguns instantes. Ela foi guiada pela música que tocava sua alma, mas não resistiu a um último olhar às estrelas. Porém não conseguiu enxergá-las. Antes que seus olhos enxergassem o céu que residia naquela noite inexplicável, ela encontrou a mais bela das estrelas nos olhos dele.
“Concede-me esta dança?”-enquanto ele dizia essas palavras um sorriso surgia no canto de seus lábios.
Ela ficou estática, desejando que o mundo parasse naquele instante. Nunca vira olhos tão perfeitos como os que se encontravam frente aos seus; ou sorriso tão sincero como o que se formava naquela face a centímetros de seu rosto.
Ele não esperou que ela tomasse fôlego para responder. Envolveu-a em um abraço tão forte, que fazia daqueles dois corpos um único corpo, unido pelo silêncio das palavras, por um mesmo desejo e pela música que guiava seus passos.
Desde que ele a abraçou, ela fechou os olhos, almejando sentir o toque dele sobre a sua pele, sentir o seu perfume, tocar o seu rosto. Finalmente conseguiu abrir seus olhos e encontrar os dele:
-Oi! Que saudade...
Ele a abraçou ainda mais forte e ela não entendia o porquê, mas sentiu uma única lágrima a percorrer a sua face e deitar nos ombros daquele que ela abraçava, como se fosse a última vez que tocariam as mãos um do outro e dançariam ao som da música que os unira.
Eles uniram as suas mãos e caminharam até onde poderiam ver o céu e contemplar as estrelas. Havia tantas palavras que gostariam de dizer, porém só conseguiam olhar nos olhos um do outro.
Eles estavam completamente sozinhos naquela praça e ainda ouviam a música que tocava ao longe. Ele não queria deixá-la ir e ela não queria a ausência daquele que amava. Então novamente se abraçaram.
Ela sentiu uma gota em sua face e ele a tocou com tanto carinho, enxugando aquela lágrima que caía das estrelas.
“Vai chover, é melhor sairmos daqui...”
“Não!” Ela não queria nenhum outro lugar, não importa se iria ou não chover; nada importava. Tudo que ela queria era eternamente se encontrar entre os braços dele.
“Tudo bem. A gente pode ficar aqui, então. Tudo que me importa é que você esteja ao meu lado.”
Quando ele proferiu sua última palavra começou a chover. Ambos olharam para o céu, sentindo que aquele momento seria eternamente lembrado. Eles voltaram a face um em direção ao outro. A chuva incidia sobre eles com tanto ímpeto, de tal forma que eles precisavam sentir o toque da pele um do outro para se sentirem seguros.
Abraçavam-se tão forte, que nada mais parecia existir no mundo senão eles dois e a chuva.
Eu te amo-ela pensou.
Eu te quero ao meu lado para o resto da vida. Te amo. –ele só conseguia pensar nela.
Seus lábios se tocaram.
Ela pensava na mais bela das estrelas que encontrava nos olhos de quem ela amava. Ele sonhava que aquele momento se tornasse eterno.
Ela sorria em pensamento. Esquecera-se das gotas que tocavam seus cabelos e percorriam todo o seu corpo. Ele foi o único capaz de tirá-la da chuva; o único que verdadeiramente a enxergara. Ele sempre fora quem ela amou.
Sem dúvida se amavam, mas não poderiam vivenciar outra noite como aquela. Aquele abraço seria o último, aquele beijo não mais existiria. A chuva jamais voltaria a uni-los como naquela noite. Mas eles não sabiam disso. Tudo que sabiam era que se amavam e que aquele momento seria para sempre lembrado. Não importa quanto tempo passasse, eternamente se lembrariam das palavras que não foram ditas- “eu te amo”- mas que viveram em cada abraço, cada beijo, cada toque de suas mãos, cada encontro de seus olhos e em cada sorriso. Ela jamais se esquecerá daquele sorriso que surgia no canto dos lábios daquele que ela amava quando ele a via ou de todos os momentos que ele a envolveu em seus braços, ou de todas as danças, ou simplesmente daquela noite.
Ela secou as gotas de chuva que tocavam suas mãos, para poder secar as lágrimas que cobriam sua face. Ela não conseguia desviar os seus olhos da chuva. Ela não conseguia esquecê-lo. Enfim ela conseguiu libertar suas palavras, mas apenas a chuva a escutava.
“Eu te amo...”